 A Standard & Poors rebaixou, pela primeira vez na história, a classificação do risco soberano de longo prazo dos Estados Unidos, de AAA para AA+. O rebaixamento vem acompanhado de perspectiva negativa, ou seja, sinaliza a possibilidade de outro rebaixamento nos próximos dois anos, para AA, caso a trajetória da dívida pública indique crescimento, seja pela não concretização da redução prevista em gastos públicos, pelo aumento de juros ou em decorrência de outras pressões fiscais.
O downgrade reflete a percepção da agência de que o plano de consolidação fiscal aprovado pelo congresso americano está aquém do necessário para equacionar os desequilíbrios de médio-prazo nas contas públicas do país, conforme relatório publicado hoje pela S&P, que manteve a classificação de curto-prazo em A-1+.
No relatório, a S&P acrescenta que a eficácia, a estabilidade e a previsibilidade das instituições políticas americanas se enfraqueceram mais do que esperado pela agência ao anunciar, em 18 de abril de 2011, uma perspectiva negativa para a classificação do país. As dificuldades demonstradas por republicanos e democratas ao definir a política fiscal gerou pessimismo acerca da capacidade do congresso e da administração de Obama de ampliar, no curto prazo, o plano de consolidação fiscal.
O mercado respondeu com nervosismo ao anúncio do rebaixamento. Os maiores receios decorrem especialmente de dois fatores. Primeiramente, em função possibilidade da procura pelos títulos soberanos reduzir-se de maneira significativa, seja pela avaliação subjetiva dos investidores, seja pela limitação estatutária que muitos fundos têm para investir em países que tenham classificação inferior a AAA. Esta última hipótese somente se concretizará caso outra grande agência, a Fitch ou a Moody's, também anuncie o rebaixamento da classificação dos EUA. O outro elemento que vem alimentando a tensão no mercado é o risco do downgrade elevar de maneira relevante o custo da dívida pública, simplesmente pelo esperado incremento da taxa de juros para fazer frente ao aumento do risco associado ao emissor.
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